Ela origina-se do inglês. LAND:
terra, país, terreno ou território, MARK: marco, sinal, mancha. Em
inglês define-se LANDMARK como lugar conhecido, ou marco de território.
Em português diríamos marca de terreno, estaca, baliza, lindeiro, marco
lindeiro, linda, limite territorial.
Vamos
encontrar nesse sentido, pela primeira vez, na Bíblia em:
Jó,
24, 2 - “Há os que removem os limites,......”
Deuteronômio,
19,14 - “Não removerás os marcos do teu próximo, os quais teus antecessores
fixaram na tua herança.........”
Deuteronômio, 27,17 - “Maldito aquele que remove os marcos
do seu próximo.”
Provérbios,
22, 28 - “Não removas o antigo marco, que teus pais puseram.”
Provérbios,
23, 10 - “Não removas o antigo marco, nem entres nos campos dos órfãos; ......”
Na
Maçonaria, vemos, com o sentido de antigas obrigações, usos, costumes,
tradições, ser empregado pela primeira vez em 1721, na compilação dos
Regulamentos Gerais da Grande Loja de Londres, em seu artigo 39, quando era
Grão Mestre nosso irmão George Payne: “Cada Grande Loja anual tem inerente
poder e autoridade para modificar este Regulamento ou redigir um novo em
benefício desta fraternidade, contanto que sejam mantidos invariáveis os
antigos Landmarques....”
No
entanto, já em 1723, a Assembléia Geral da Grande Loja da Inglaterra substitui
a palavra “Landmark”, por “RULE” ou seja “REGRA”.
Vejamos
como a maioria dos autores maçônicos se expressa sobre os Landmarques:
Albert
G. Mackey - “Há diversidade de opiniões entre os tratadistas a respeito da
natureza dos antigos landmarques da Maçonaria: porém o melhor método será
limitá-los aos antigos e universais costumes da Ordem que acabaram por
concretizar-se em regras de ação, ou que se articularam em leis por alguma
autoridade competente, e o seria em tempo tão remoto que não deixou sinal na
história.” (Jurisprudence of Freemasonry, e apresenta sua relação com 25
landmarques)
Albert
Pike - “Os princípios fundamentais da antiga Maçonaria Operativa eram poucos
e simples e não se chamavam Landmarques.” (Atas da Veterana Associação
Maçônica, transcritas por T. S. Parvin, onde critica Mackey e no final
relaciona 5)
Bernard
E. Jones - “Seria impossível, portanto, alguém dogmatizar em matéria em que
a Grande Loja (a da Inglaterra) não fez
qualquer pronunciamento, e em que os Maçons com experiência não podem
concordar. Infelizmente existe a tendência de se usar a palavra “landmark” como
um substantivo conveniente para descrever algo que não tem significado definido.”
(Freemasons Guide and Compendium).
George
Oliver, Rev. - “A respeito dos landmarques da Maçonaria, alguns se limitam
aos sinais, toques e palavras. Outros incluem as cerimônias de iniciação e
exaltação; os ornamentos, paramentos e jóias da Loja ou seus símbolos
característicos. Outros opinam que a Ordem não tem outros landmarques além de
seus segredos peculiares.” (Dictionary of Symbolic Masonry e apresenta sua
relação com 31).
H.
G. Grant - “Não pode considerar-se landmarque da Maçonaria o que não está
estabelecido pelos escritos de nossos pais ou reconhecidas autoridades como
regra ou crença dos Franco-maçons em 1723, ou antes, ou que não esteja aceita
como marca.” (Ancient Landmarks with suporting evidence, e apresenta sua
relação com 54)
John W. Simons - “Consideramos como marcas os
princípios de ação que identificam com a forma e essência da Maçonaria, e, que
a grande maioria aceita, são invariáveis e todos os maçons estão obrigados a
manter intactos, sob pena de irrevogáveis sanções.” (Principles of Masonic
Jurisprudence, mas apresenta sua relação de 15)
Josiah
Drummond - “Tudo quanto podemos saber é que são leis e costumes existentes
desde tempo imemorial. Se há algum uso universal de origem desconhecida, é um
landmarque.” (Maine Masonic Text Book)
Jules
Boucher - “Na Maçonaria francesa, a “Liberdade de Pensamento” é um
“landmark” fundamental e, paradoxalmente, este “landmark” não tem limites!”
(“La Symbolique Maçonnique”, pg. 217)
Luke A. Lockwood - “Os landmarks da Maçonaria
são aqueles antigos princípios e práticas que assinalam e distinguem a
Maçonaria como tal, e são fonte de jurisprudência Maçônica.” ( Masonic Law and
Practice, apresentando 19 Landmarques)
Oswald
Wirth - “Os landmarks são de invenção moderna e seus partidários jamais
conseguiram se por de acordo para fixá-los. Isso não impede que os anglo-saxões
proclamem sagrados esses limites essencialmente flutuantes, que ajustam de
acordo com seus particularismos. Cada Grande Loja fixa-os de acordo com seu
modo de compreender a Maçonaria; a maçonaria é compreendida de modos muitos
diferentes, razão das definições contraditórias, destrutivas da unidade dentro
de uma instituição que visa à concórdia universal.” (Qui est Régulier)
Robert
Morris - “Os dogmas invariáveis que a assinalam dão a conhecer e mantêm os
limites da Francomaçonaria.” (Dictionary of Freemasonry e relaciona 17)
W. B. Hextal - “Os antigos landmarques da
Francomaçonaria, como todo outro landmarque material ou simbólico, só se podem
manter estáveis quando se apóiam em seguros fundamentos. Ao se aprofundar o
filósofo sobre a pedra em que descansem descobre que o nosso seguro fundamento
é o trino dogma da fraternidade de Deus, a fraternidade dos homens e a vida
futura. Todas as leis, usos, costumes e métodos que não se apóiem neste dogma
básico, serão convenções ou acomodações, porém de modo algum participarão da
natureza dos antigos landmarques.” (Ars
Quattuor Coronati, volume XXV)
Entre
os brasileiros nós podemos citar:
Henrique
Valadares ( Cayru ) - “Os landmarques delimitam o que é Maçonaria e o que
não é Maçonaria: o que estiver nos landmarques, ou dentro deles, é Maçonaria
regular; o que estiver fora dos landmarques não é Maçonaria ou é Maçonaria
espúria. São os “limites”. O Livro das Constituições de Anderson refere-se aos
“antigos Landmarques”, que devem ser “respeitados cuidadosamente”.
“Para
que uma regra ou norma seja considerada landmarque tem que reunir em si vários
requisitos:
a)
antigüidade, isto é, deve existir desde um tempo imemorial. Por isso, se
hoje as Autoridades maçônicas pudessem reunir-se e decretar uma lei universal,
esta não seria absolutamente um landmarque.
b)
espontaneidade e generalidade, isto é, o landmarque não tem autor conhecido,
não se origina de nenhuma autoridade pessoal, só é landmarque todo uso
universal, de origem desconhecida.
c) invariabilidade e irrevogabilidade,
isto é, todo landmarque é inalterável.”
(O Aprendiz-Maçom)
Nicola Aslan - “Evidentemente, o problema
dos Landmarques continuará sem solução possível, e de nada irá adiantar a
melhor definição ou a melhor compilação apresentada, porque sempre será um
trabalho estabelecido sobre a areia. Como já tivemos oportunidade de dizer para
nós, os Landmarques, e particularmente os de Mackey, que obtiveram o maior
sucesso, representam, ou para melhor dizer, pretenderam representar dentro da
Maçonaria o mesmo papel que as Falsas Decretais desempenharam, outrora, dentro
da Igreja Católica.” (Landmarques e outros problemas Maçônicos)
Vanildo
de Senna - “Os Landmarques, na verdade, constituem atualmente, problema de
difícil solução. Tratadistas, jurisconsultos e todos quanto deles se ocuparam
jamais puderam chegar a um acordo no sentido de defini-los, enumerá-los,
classificá-los e interpretá-los.”(Landmarques - Tese, Antítese e Síntese)
Se
formos verificar a relação dos Landmarques existentes observaremos a
diversidade dos mesmos, quase todos levantados por Virgílio A. Lasca e
alguns por nós constatados:
São
somente 3 para Alexandre S. Bacon e Chetwood Crawley;
5
para Albert Pike , aceitos por Morivalde Calvet Fagundes e José Castellani;
6
para Jean Pierre Berthelon e para a Grande Loja de Nova York, tomando por base
os capítulos em que se dividem as Constituições de Anderson.
7
para Roscoe Pound e o cubano Carlos f. Betancourt, adotados pela Grande Loja de
Virgínia;
8
para a Grande Loja de Massachusetts, repetindo a relação de Mackey, apenas
diminuindo-lhe a numeração;
9
para J. G. Findel, aceitos pelo Rito Moderno;
10
para a Grande Loja de Nova Jersey;
12
para A. S. MacBride;
14
para Joaquim Gervásio de Figueiredo;
15
para John W. Simons adotados pela Grande Loja de Tennessee;
17
para Robert Morris;
19
para Luke A. Lockwood adotados pela Grande Loja de Connecticut;
20
para a Grande Loja Ocidental da Colômbia;
23
para a Grande Loja de Louisiana;
25 para Albert G. Mackey e
Chalmers I. Paton, aceitos pelas Grandes Lojas Brasileiras;
26
para a Grande Loja de Minnesota;
29
para Henri A. Lecerff;
31 para o Rev. George Oliver;
54
para H. G. Grant adotados pela Grande Loja de Kentucky.
Por
seu lado, a Grande Loja Unida da Inglaterra, embora não chame de Landmarque,
fixa 8 condições sem as quais não reconhece um outro Corpo Maçônico.
Como
vemos cada Grande Loja adota uma compilação, e cada estudioso do assunto
acrescenta mais uma.
Não
cansaremos os leitores com a transcrição de todas elas, nos restringiremos a
citar textualmente a de Findel, que é aceita pela maioria das Lojas do Rito
Moderno, embora também se possa fazer ressalvas sobre alguns deles, e
comentaremos item por item a de Mackey, endeusada pela maioria dos Maçons
brasileiros, inclusive faltando com a verdade ou a transcrevendo ora com a
supressão, ora alterando-lhe o conteúdo, com a intenção de não ferir
susceptibilidade de alguns ou de conseguir mais adeptos.
Compilação
de Findel
1.- A
obrigação de cada Maçom professar a religião universal em que todos os homens
de bem concordam.
(Praticamente transcrevendo as Constituições de Anderson)
“Um
Maçom está obrigado, por sua condição, a obedecer à Lei Moral, e se compreende
bem a Arte, não será jamais em um estúpido Ateu nem um Libertino irreligioso.
Mas se bem que nos Tempos antigos fossem obrigados em cada País a ser da Religião,
qualquer que fosse, desse País ou dessa Nação, contudo é considerado mais
conveniente de somente os sujeitar àquela Religião sobre a qual todos os
Homens estão de acordo, deixando a cada um suas próprias Opiniões, isto é, serem Homens de bem e leais, ou Homens de Honra e
de Probidade, quaisquer que sejam as Denominações ou Confissões que os possam
distinguir; pelo que a Maçonaria se torna o Centro de União, e o Meio de
firmar uma Amizade entre Pessoas que teriam ficado perpetuamente Distanciadas.”
2.- Não existem na Ordem diferenças de
nascimento, raça, cor, nacionalidade, credo religioso ou político.
3.- Cada Iniciado torna-se membro da
Fraternidade Universal, com pleno direito de visitar outras Lojas.
4.- Para ser Iniciado
é necessário ser homem livre e de bons costumes, ter liberdade espiritual,
cultura geral e ser maior de idade.
5.- A
igualdade dos Maçons em Loja.
6.- A
obrigatoriedade de solucionar todas as divergências entre os Maçons dentro da
Fraternidade.
(Como eu gostaria que isso se tornasse realidade.....)
7.- Os
mandamentos da concórdia, amor fraternal e tolerância; proibição de levar para
a Ordem discussões sobre assuntos de religião e política.
8.- O sigilo
sobre os assuntos ritualísticos e os conhecimentos havidos na Iniciação.
9.- O direito
de cada Maçom colaborar na legislação maçônica, o direito de voto e o de ser
representado no Alto Corpo.
Classificação de Mackey
1.- Os
meios de reconhecimento.
Ora, os modos de reconhecimento na
maçonaria nem sempre foram os mesmos. A princípio todos os sinais eram dados
assim que os Aprendizes eram iniciados. As palavras de passe e sagrada são
diferentes nos diferentes Ritos. A palavra que substituiu a palavra perdida é
diferente nos diversos ritos, e os sinais e toque também o são. Portanto a
existência dos meios de reconhecimento são um landmarque, mas não cada um deles
em si. Alguns mudaram desde a fundação do Rito até os dias atuais.
2.- A
divisão da Maçonaria em 3 graus.
Sabemos que antes de 1717, quando da
fundação da primeira Grande Loja, só havia dois graus na Maçonaria. O grau de
Mestre só foi criado em 1725 e institucionalizado em 1738, e considerado regra
pela Grande Loja em 1813. Se um landmarque deve ser imemorial, este não poderia
ser um.
3.- A
Lenda do 3º Grau.
Somente após a criação do grau de
Mestre é que foi criada esta Lenda. Portanto não é imemorial. E, outra, o Herói
da Lenda é diferente nos Ritos Hiramitas e Adonhiramitas. A estrutura da Lenda
também. Uma lenda egípcia adaptada à Bíblia judaico-cristã.
4.- O
governo da Fraternidade deve ser exercido por um Oficial denominado Grão
Mestre, eleito por todo o povo Maçônico.
A criação do cargo de Grão Mestre de
uma Potência, conforme entendemos hoje, só foi acontecer após a fundação da
Grande Loja da Inglaterra. Anteriormente, o nome Grão Mestre era também
utilizado para Veneráveis de Lojas, e não de toda a Fraternidade.
5.- A
prerrogativa do Grão Mestre de presidir toda reunião maçônica, onde e quando se
realize.
A objeção é mesma que a anterior, só
depois da criação de um Alto Corpo, reunindo maçons de todas as Lojas é que
houve o que seria o cargo atual de Grão Mestre.
6.- A
prerrogativa do Grão Mestre de conceder licença de conferir graus em tempo
anormais, com dispensa dos prazos.
Repetimos a mesma alegação dos
anteriores itens.
7.- A prerrogativa que tem o Grão Mestre
de autorizar fundação e manutenção de Lojas Maçônicas.
Anteriormente, as Lojas eram fundadas
por decisão dos Maçons, sem influência estranha. Era o lema “Maçom livre em
Loja livre”. A prática das Cartas Constitutivas é recente.
8.- A
prerrogativa do Grão Mestre de “fazer maçons à vista”, ou seja, reunindo
determinado número de Irmãos poder iniciar sem que sejam necessárias
sindicâncias, provas ou o que mais seja da iniciação.
Isso já foi feito no Brasil,
infelizmente, com drásticas conseqüências.
Como se vê, os chamados landmarques, do
4º ao 8º, são regras que cabem mais num estatuto, numa constituição, podendo
ser alterados por decisão do povo Maçônico, como já o foram.
9.- A necessidade
dos Maçons de se congregarem em Loja.
Finalmente, encontramos uma afirmativa
que efetivamente é um “landmark”, na concepção de seus definidores. Desde que
concebeu a Maçonaria os seus membros se reúnem em organismos denominados Lojas.
10.- O governo
da Fraternidade, quando reunida em Loja, deve ser exercido por um Venerável e
dois Vigilantes.
Este é efetivamente um landmarque, pois
desde tempos imemoriais, mesmo quando não havia os graus, as Lojas eram
presididas por um Presidente (Mestre da Loja) e dois Vice-Presidentes (Senior
Warden e Junior Warden) , escolhidos entre seus membros.
11.- A
necessidade de uma Loja, quando reunida, estar resguardada ou coberta.
O sigilo maçônico assim o
exige, eis outra regra definitiva.
12.- O direito de todo Maçom se fazer
representar nas reuniões gerais da Fraternidade, e de instruir seus
representantes.
Anteriormente
os Maçons (aprendizes ou companheiros) compareciam pessoalmente às reuniões do
povo Maçônico, mas não podiam ser representados. O direito de representação foi
criado posteriormente, e é diferente conforme a legislação da Obediência, quer
seja Grande Loja ou Grande Oriente. Em uma os representantes são o Venerável e
os Vigilantes, e no outro é o deputado.
13.- O direito de recurso de cada Maçom
perante a Grande Loja ou Assembléia Geral.
Nos
primórdios da Maçonaria Especulativa não existia esse direito de recorrer da
decisão de uma Loja a que pertencesse o Maçom, pois a Loja era livre e não
filiada a nenhum Alto Corpo. E, atualmente, por exemplo, tanto nos Grandes
Orientes como nas Grandes Lojas existem órgãos judiciários específicos para
decidir recurso de Maçom.
14.- O direito de todo Maçom visitar e
tomar assento em qualquer Loja.
Tentem
visitar uma Loja inglesa. Antes do atual Tratado da Grande Loja com o Grande
Oriente houve Irmãos barrados em Loja da Grande Loja. E, por outro lado, qualquer membro de uma
Loja pode vetar a entrada de um visitante. A regra citada deveria ser válida,
mas infelizmente não o é.
15.- Nenhum visitante, desconhecido dos
Irmãos de uma Loja, pode ser admitido à visita, sem que, antes de tudo, seja
examinado, conforme os antigos costumes.
Seria
no caso o inverso do landmarque anterior, no entanto, como a maioria não
conhece os toques, os sinais e as palavras de outros Ritos, é de fato não
cumprido. Já ouvi Vigilante dizer que “batem irregularmente à porta do templo”,
quando ouve as baterias de outro
Rito que não o seu.
16.- Nenhuma Loja pode intrometer-se em
assuntos que digam a outra, nem conferir graus a Irmãos de outros quadros.
Em tese, é verdadeiro, no entanto, um
visitante pode votar contra o ingresso de um profano em uma Loja, o que é uma
certa forma de se imiscuir em assuntos
de outra, e isto jamais foi proibido nem poderia sê-lo. Quanto a conferir
graus, pode, desde que por delegação da Loja de origem do Irmão.
17.- Todo
Maçom está sujeito às leis e aos regulamentos da Jurisdição Maçônica em que
reside, mesmo não sendo membro de qualquer Loja.
Outra afirmação que, em tese, é de aceitar,
posto que não se filiar já seria uma infração maçônica, no entanto, a
residência temporária está sendo considerada? Poderia a Obediência regional
obrigar o Maçom designado a prestar serviços por tempo determinado em outro
país, ou região, a filiar-se à sua Jurisdição sob a ameaça de infringir um
landmarque?
18.- Todo
candidato à iniciação deve ser homem livre de nascimento, não mutilado ou
isento de defeitos físicos e maior de idade.
Que maioridade? Civil, eleitoral ou criminal? Os
lowtons, em nossa legislação, têm direitos especiais quanto à idade.
O escravo liberto ou o filho de
escravo não poderia ser iniciado? No Brasil o foram.
Quando
se impunha a iniciação apenas dos homens as mulheres eram submissas, em todo
sentido. O são agora? Atualmente, há algumas que são mais livres que alguns
homens. E mais capazes.
È
bom citar o que constava no Poema Régio ou Manuscrito Régio ou ainda
Manuscrito Halliwell, de 1390, um dos primeiros documentos da Maçonaria
Operativa senão o primeiro conhecido, em seu preâmbulo onde vemos: “Pois assim
cada um poderia ensinar ao outro e amar-se mutuamente como Irmão e Irmã”,
e no seu artigo X consta “Nenhum Mestre deve suplantar outro Mas ficar juntos
como Irmão e Irmã”. Nada faz crer ou admitir que o termo Irmã
não se referisse a presença da mulher, portanto a proibição é recente.
A higidez exigida é efetivamente total,
no entanto, conhecemos diversos Irmãos mutilados; já soubemos de casos
históricos de cegos iniciados, a própria Constituição exige, atualmente, que a
higidez lhe dê condições de praticar todos os atos ritualísticos. Seria essa
exigência atual? E o avanço no campo das próteses? Permanece este landmarque
por séculos, como, infelizmente, se exige.
19.- Que todo Maçom deve crer na
existência de Deus como Grande Arquiteto do Universo.
Não
seria a exigência um dogma, que fere os princípios Maçônicos? A Maçonaria tem
princípios, não dogmas. Anderson falava em religião universal, não definia no
que deve crer. A Grande Loja Unida da Inglaterra chega a exigir uma religião
monoteísta, como ficariam os panteístas e os politeístas, de diversas facções.
Eles são religiosos. Houve época em que algumas Lojas exigiam a crença no dogma
da Trindade. Quando se pretendeu fixar esta afirmativa como landmarque, sequer
se conheciam todos os tipos de crenças existentes no planeta. Só é permitido
ser Maçom se for de origem judaico-muçulmano-cristão? Onde a liberdade de
crença? Onde a exclusão do preconceito religioso?
Melhor
seria falarmos na crença, na aceitação de um Princípio Criador, que abrangeria
melhor todas as possíveis formas de credos, conforme consta da Constituição do
Grande Oriente do Brasil.
20.- Subsidiária à crença em Deus, a
crença em uma vida futura e na imortalidade da alma.
Vemos
que alguns landmarques, como o de Pound, que prefere falar em “imutação da
personalidade”, no lugar de imortalidade.
A maior parte dos autores brasileiros
(por má fé?) esconde que Mackey cita a crença na ressurreição, que fere grande
parte dos maçons brasileiros, que crêem na reencarnação e não na ressurreição.
Toda afirmativa dogmática colocada como landmarque é um perigo para a liberdade
de pensamento, fundamento da Ordem.
Vejamos
o que diz o texto em inglês do Landmarque coligido por Mackey: “is the belief
in a resurrection to a future life.” E mais adiante: “To
believe in Masonry, and not to believe in a resurrection, would be an absurd
anomaly.” Como
é que ficam os Maçons não reencarnacionistas?
21.- A existência do “Livro da Lei”, como
ornamento indispensável em uma Loja.
Em
primeiro lugar, há de se observar que não existia antigamente a exigência de
qualquer livro, religioso ou não, como ornamento das Lojas, basta consultar nos
diversos rituais antigos a inexistência do livro no compromisso dos iniciados.
Os autores brasileiros exageram, ainda mais, dizendo que o landmarque fala em
“livro da lei que deve conter a verdade revelada pelo Grande Arquiteto do
Universo”; e algumas Grandes Lojas, ainda, citam especificamente a Bíblia. Ora,
onde a liberdade religiosa? Onde a liberdade de pensamento?
Fala Mackey em religião do
país, é incrível depois das Constituições de Anderson falar-se que deve ter a
religião do país. Ninguém pode ter outra religião senão a religião da
maioria??!! Eis o que diz Mackey: “The ‘Book of de Law’ is that
volume which, by the religion of the
country”.
Falar em Velho Testamento (Old Testament) para
os judeus? O livro sagrado do Judaísmo não é todo o Velho Testamento, mas
apenas o Pentateuco ou Torá. No Brasil nós
temos religiões (não só no Brasil), que não têm livro sagrado, pois toda
tradição religiosa é oral (Candomblé, Umbanda, Pajelança, etc.). Quem não
entende de outra religião senão a sua, quando entende; quem nunca estudou
outras religiões, como pode falar desta ou daquela religião?
Nós mantemos presente um Livro
Sagrado em virtude do Tratado que existe com a Grande Loja Unida da Inglaterra.
Diz o item 5 dos seus 8 pontos: “All Freemasons under its jurisdiction
must take their obligations on or in full view of the Volume of
the Sacred Law (i.e. the Bible) or the book held sacred by the man concerned”,
portanto o compromisso não é feito obrigatoriamente sobre o Livro da Lei
Sagrada, basta que ele esteja presente.
22.- Que todos os homens são iguais perante
Deus e que na Loja se encontram no mesmo nível.
Em
primeiro lugar, muda-se a redação de Mackey, que diz simplesmente a igualdade
de todos os Maçons. Diz
ele: “THE EQUALITY OF ALL MASONS is another Landmark of the Order.”
Mas não há dúvida que a igualdade dos
Maçons em Loja é um landmarque, desde que obedecida a hierarquia e os graus,
portanto a igualdade não é tão absoluta. A grande verdade é que o Maçom não
goza dos privilégios e prerrogativas que possam gozar no mundo profano.
23.- Que a Maçonaria é uma sociedade
secreta de posse de segredos que não podem ser divulgados.
Por
que será que nossos Irmãos alteram a redação dos landmarques de Mackey, será
que é porque não podem sustentá-los na forma que são, mas pretendem endeusá-los?
Na tradução da Grande Loja de Sergipe consta o termo correto.
Ora,
a Maçonaria não é uma sociedade secreta, só o sendo nos países onde a liberdade
de associação não é permitida. Nem em Cuba comunista.
Ela
tem seus estatutos registrados e sede conhecida. Ela é, isto sim, uma sociedade sigilosa, que
tem seus segredos, como muitas outras sociedades civis e religiosas. O que
existe na Maçonaria é o sigilo que seus membros devem guardar dos conhecimentos
havidos pela iniciação
Se segredo existe é aquilo que
é tratado dentro de Loja, o, que infelizmente não acontece.
24.- A Maçonaria consiste em uma ciência
especulativa fundada numa arte operativa.
Definir
a Maçonaria como ciência é absolutamente anticientífico, em nenhum conceito de
ciência cabe admitir a Maçonaria como uma delas. A Maçonaria incentiva o estudo
da ciência, incentiva a prática das artes, mas não é nenhuma nem outra. A
afirmativa não é um landmarque, e ainda mais, é uma inverdade.
25.- Os landmarques da Maçonaria são
inalteráveis. ”Nolumus legen mutari”
É
muita veleidade, no mínimo, afirmar que os landmarques que Mackey relaciona são
inalteráveis. Não há dúvida que devem existir princípios fundamentais (e
existem), mas relacioná-los, afirmá-los como verdadeiros, porque por si
escolhidos, é pretender se tornar um Papa da Ordem.
Alguns
Irmãos chegam à infantilidade de faltar com a verdade na defesa desses
landmarques, como nosso querido Irmão Rizzardo da Camino, quando afirma: “Coube
a Inglaterra reunir esses landmarques e apresentá-los à maçonaria moderna...” e
cita os landmarques de Mackey. Ora, a Inglaterra, tanto no tempo, da Grande
Loja da Inglaterra e Grande Loja de York, como depois da união, formando em
1813 a Grande Loja Unida da Inglaterra, nunca fixou ou compilou uma relação
como verdadeira, como legítima. Ela considera que os Antigos Deveres contidos
nas Constituições de Anderson, em sua primeira edição, alterada posteriormente
por ela, são a lei fundamental onde constam os princípios vitais da Maçonaria
Moderna.
O que Inglaterra fez foi listar “oito pontos”,
que exige de outras Obediências para reconhecê-las como Corpo Maçônico regular.
Nos Estados Unidos, onde existem os
maiores defensores dos landmarques, é onde existe a maior variedade de relações
e compilações, cada Grande Loja lista os seus e os considera como os
verdadeiros e inalteráveis.
Os
landmarques relacionados por Mackey tiveram como um de seus maiores críticos
Albert Pike, que foi Soberano Grande Comendador da Jurisdição Sul do Rito
Escocês Antigo e Aceito nos Estados Unidos, do qual Mackey foi Grande
Secretário Geral.
No
Brasil, chegou a constar da Constituição dos Grandes Orientes.
Felizmente, quando estávamos no Grande Oriente de São Paulo, dissidente,
atual Grande Oriente Paulista, em 1982, conseguimos excluí-lo. E, no Grande
Oriente do Brasil foi escoimado de sua Constituição em sua última
reforma, em 1991, onde consta atualmente a exigência dos landmarques, mas sem
citar qualquer deles, ficando a cargo da Loja ou do Rito escolher qual deles
adotar.
Efetivamente,
o problema dos landmarques é insolúvel, porque a maioria pretende tornar a
Maçonaria, a seu modo, num grupo dogmático em que só a sua vontade seja válida,
pretende infirmar princípios fundamentais na Maçonaria que são a Busca
Constante da Verdade, a Liberdade Absoluta de Pensamento, a Liberdade Absoluta
de Consciência.
Antonio Onías Neto, Vª Ordem, Gr.·.9
M.·.
I.·.
Grande Inspetor do Rito Moderno o Francês
Past Soberano Grande Inspetor Geral
Supremo Conselho do Rito Moderno - Brasil
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